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domingo, 24 de outubro de 2010

Prólogo

Prólogo

Yohanna Bourbon não agüentava mais. Estava angustiada. Não sabia o que fazer. Afastada de seus amigos, de seus pais e parentes. Estava sozinha.
Completamente só. Sem ninguém – ninguém ao seu lado. Ninguém para ampará-la agora.
Ela estava só e ela estava chorando.
Lágrimas desesperadas escorriam pelo seu rosto gentil, com traços suaves e frágeis, um rosto juvenil, a flor de sua idade, quinze anos, somente quinze anos vividos e tanta coisa aprendida.
Tanto sofrimento.
Lágrimas antigas presas há muito, juntadas às suas novas lágrimas, do seu sofrimento atual – o sofrimento atual vinculado com o antigo. Lágrimas escorrendo agora. Libertadas, enfim.
Yohanna estava com medo. Medo do novo.
Medo de lutar.
Lutar contra o quê ela sabia que não se podia destruir. Lutar contra algo que nunca morria.
Ela sentia medo. Medo de perder. Porque é certo que ela irá perder.
A criatura a sua frente lhe encarou com olhos sagazes e medonhos, um olhar que enviou uma onda de calafrio pela sua espinha. Os dentes eram grandes, grandes e temíveis presas afiadas, as quais ela temia mais que qualquer outra coisa.
Ela não queria lutar. Não contra aquilo.
Sua primeira luta contra algo inimaginavelmente mortal.
Seus cabelos loiros com mechas roxas esvoaçavam ao redor de seu rosto, seus olhos violeta estreitos e assustados, apesar da coragem que ela tentava reunir.
Seus pais.
Ela não estava ali por acaso.
Yohanna fora escolhida, escolhida para estar ali.
Protegendo.
Ela não tinha uma escolha. Não agora.
Aceitando seu destino com temor no seu coração jovem, ela apertou o cabo da sua espada com raiva.
Então ela correu.

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